Tudo em nome do povo líbio

A revolta popular que teve início na Tunísia derrubando seu governo logo se alastrou pelos países vizinhos do norte da Africa e atingiu também alguns países do Oriente Médio. Entre os países que sofreram essa revolta da população figura o Egito, Siria, Iemen, Bahreim e por último a Líbia.

Algumas revoltas foram sofucadas como no Irã e na Arabia Saudita. A Siria também tenta sufocar a revolta antes que se torne incontrolável, mas alguns outros países não tiveram essa sorte. Além do governo da Tunísia o governo egipcio também não resistiu as manifestações que logo viraram confrontos diretos contra as forças de segurança. O governo de Hosni Mubarak caiu depois de 30 anos de poder.
O Iêmen também esta enfrentando algo parecido, mas o governo vem resistindo como pode.


Na Líbia a situação foi mais além e o que assistimos hoje é uma guerra civil. Os manisfestantes foram conseguindo avanços significativos e conquistaram importantes cidades líbias, isso tudo foi possível porque muitos integrantes das forças armadas líbias abandonaram seus postos e passaram para o lado dos rebeldes, ou simplesmente abandonaram seus instrumentos militares.
Porém, a vitória dos manifestantes que parecia cada vez mais eminente a medida que caminhavam para Tripoli sofreu um revez. Kadafi reagiu e lançou uma contra-ofensiva que foi recuperando as cidades perdidas para os rebeldes. Além de uma violenta repressão contra todos que se levantaram contra seu regime Kadafi usou não só as forças de segurança regulares, mas também sua força aérea. Os ataques aéreos a cidades ocupadas pelos rebelados provocou certa comoção internacional, ou poderiamos chamar de desculpa, para uma intervenção militar estrangeira.

Caça líbio instantes antes de atingir o chão.
Caça Mig-23 de fabricação russa momentos antes do impacto final no solo na cidade de Benghazi. O jato foi noticiado como sendo das forças de Kadafi, mais tarde os relatos informavam que o avião era dos rebeldes e fora derrubado pelas forças de Kadafi.

Depois de algumas pressões internacionais o conselho de segurança da ONU aprovou a criação de uma zona de exclusão aérea em território líbio, com apoio da liga arabe.
Essa resolução tem como meta principal defender a população líbia dos ataques das forças de Kadafi. Segundo o presidente dos EUA, Barak Obama, não haverá o uso de forças terrestres, mas isso nem será necessário, pois o trabalho sujo este sendo realizado pelos rebeldes. A coalizão internacional só vai dar apoio aéreo para proteger os civis, aliás, civis que marcham rumo a Tripoli com armas e veículos blindados tomados do exército regular de Kadafi.

Agora os rebeldes podem novamente tentar um assalto final a Tripoli, pois estão com o guarda-chuva da OTAN que esta assumindo o controle das operações. Mesmo tendo uma participação apenas no campo aéreo os EUA não querem se envolver em mais um conflito, as lições do Iraque e Afeganistão ainda estão sendo aprendidas. Os ataques aéreos contra as posições de Kadafi tiveram início com Obama ainda no Brasil em visita a presidente Dilma.
Para alguns países como a França essa é a oportunidade para colocar em prática o funcionamento de seus equipamentos militares, em especial, o caça Dassault Rafale. Desde o início das operações os Rafales franceses já derrubaram 6 aviões de ataque leve a treinemanto Soko G-2 Galeb e 2 helicopteros Mi-35 líbios. Essa demonstração de poder vai ser usado a favor do caça francês em futuras novas negociações, visto que, o Rafale não conseguiu até hoje nenhum contrato fora da França. Esse avião esta participando da licitação para equipar a força aérea brasileira.
A coalizão esta recebendo novos participantes como o Catar que esta enviando seus aviões para ajudar no combate as forças de Kadafi. As potências ocidentais se mostram muito unidas para atacar países militarmente condenados. A Líbia já não tinha uma força aérea eficaz e não pode fazer nada para impedir a violação de seu espaço aéreo.
Será que essa coalizão vai se mostrar unida para atacar o Irã ou a Coréia do Norte?

Essa intervenção na Líbia poderia ser aplicada a outros países do mesmo continente africano que possuem interminaveis guerras civis. Há massacres muito mais horrendos que acontecem no Congo, Ruanda, Somália entre outros conflitos que mataram milhares de pessoas, além de trazerem fome e refugiados.
Por que a ONU não se comove com os outros conflitos na Africa? O povo libio é melhor do que os demais povos africanos? O povo libio é o único que merece receber proteção dos países ditos civilizados?
É uma pena que países como Angola, Congo, Somalia, Ruanda, Etiópia não tenham petróleo como a Libia tem, se tivessem não teria morrido tantas pessoas como morreram e continuam morrendo sem chamar a atenção do mundo. Se estes países tivessem petróleo haveria novas intervenções em nome dos direitos humanos, proteção de civis inocentes, ajuda humanitária e outros nomes que já estamos cansados de ver.

Destroços do F-15E.
Destroços do caça norte-americano F-15E. Segundo os norte-americanos o caça da Boeing caiu após sofrer problemas mecânicos. Além da guerra na terra há também a guerra de informações, quando um avião da Líbia cai foi derrubado pelos rebeldes ou pelas forças da coalizão, mas quando um avião da coalisão cai foi vítima de problemas mecânicos.


A Líbia esta longe de ser uma potência militar, mas muito dos seus equipamentos foram recebidos em acordos com o governo italiano de Silvio Berlusconi. Kadafi e Berlusconi são amigos e parceiros em festas, trocas de presentes e mulheres.
A Itália lidera a lista de países europeus na venda de armamento, com 276 milhões de euros, entre 2005 e 2009. Segue-se a França (210 milhões), o Reino Unido (119 milhões) e a Alemanha (83 milhões). Portugal vendeu quase 22 milhões de euros de material militar. No total, em quatro anos, as exportações europeias de armamento para a Líbia superaram os 834 milhões de euros.
Hoje os jornais do mundo inteiro condenam Kadafi chamando o mesmo de ditados sanguinario e assassino de seu próprio povo, mas será que os países do velho continente não tinham percebido isso antes de venderem tantos armamentos a Líbia?
Ou será que negócios são negócios?

Mesmo resistindo como pode Kadafi esta mais próximo do fim do que da vitória. Suas forças armadas vão perdendo o controle a medida que os ataques da OTAN vão sendo aplicados. Sem uma força aérea e sem um sistema de defesa aérea eficaz não tem como enfrentar os ataques promovidas por essa coalizão internacional.

Kadafi venceu a guerra contra os rebeldes, mas agora esta sendo derrotado por uma intervenção externa formada pelas principais potências da Europa junto com os EUA e Canada. Tudo isso em defesa da população civil da Líbia.
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